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Guia prático: Como implementar métricas técnicas críticas na sua startup (mesmo sem conhecimento técnico)

Foto do escritor: André TorbitoniAndré Torbitoni

Deixa eu te fazer uma pergunta: quanto custa cada minuto do seu produto fora do ar? E quando uma página demora 10 segundos para carregar, quantos clientes vão embora? Se você não sabe responder essas perguntas, você está pilotando seu negócio às cegas.


O mais interessante é que muitas startups investem pesado em métricas de marketing e vendas, mas quando pergunto sobre métricas técnicas, a resposta geralmente é "a gente usa o que o analytics fornece" ou "nosso time técnico cuida disso".


Você não precisa saber programar para implementar e acompanhar métricas técnicas críticas. Na verdade, você nem precisa de um time técnico gigante ou ferramentas caríssimas para começar.


Neste guia, vou te mostrar exatamente como implementar as 5 métricas técnicas mais críticas para sua startup, com duas abordagens para cada uma: uma que você pode fazer hoje, por conta própria, e outra mais robusta para quando puder dispor do seu time técnico.


Por que métricas técnicas importam tanto?

Imagine dirigir um carro sem painel de instrumentos. Sem velocímetro, sem medidor de combustível, sem luz de óleo. Você só perceberia que algo está errado quando o carro parasse (ou não, e batesse). É assim que muitas startups operam em relação a tecnologia.

Métricas técnicas podem ser seu painel de instrumentos. Elas te alertam sobre problemas antes que eles afetem seus clientes e seu faturamento. E melhor: elas te dão dados concretos para tomar decisões de investimento em tecnologia.


As 5 métricas técnicas que você precisa acompanhar


1. Tempo de resposta do sistema

O que é: Quanto tempo seu sistema leva para responder a uma requisição do usuário.

Como implementar hoje:

Versão escalável:

  • Implemente New Relic, Sentry ou DataDog para monitoramento em tempo real

  • Configure alertas para quando o tempo médio passar de 3 segundos

  • Trace um histórico para identificar degradações graduais


2. Taxa de erro em produção

O que é: Percentual de requisições que resultam em erro para o usuário.

Por que importa: Se mais de 2% dos seus usuários encontram erros, você está perdendo dinheiro duas vezes: em suporte do seu time de atendimento técnico e em clientes insatisfeitos.

Como implementar hoje:

  • Configure o Google Analytics para capturar erros JavaScript

  • Crie uma planilha simples onde o time anota erros reportados (Deixei um template prontinho lá no final do artigo)

  • Divida total de erros pelo total de acessos

Como implementar de forma escalável:

  • Implemente Sentry, BugSnag ou DataDog para captura automática de erros

  • Configure dashboards por tipo de erro e impacto

  • Estabeleça SLAs por severidade de erro


3. MTTR (Mean Time To Recovery)

O que é: Tempo médio que sua equipe leva para resolver uma falha após identificada.

Por que importa: Um MTTR alto significa que seus clientes ficam mais tempo expostos a problemas. Empresas top-tier resolvem problemas críticos em menos de 1 hora.

Como implementar hoje:

  • Crie um canal dedicado para reportar problemas no Slack (ou qualquer canal que usem para se comunicar) site fora do ar, erro no checkout ou autenticação, etc. (O importante é que o canal seja exclusivo para estas comunicações)

  • Anote hora do problema e hora da resolução

  • Calcule a média mensalmente

  • Bônus: Peça que o time que crie um documento (post-mortem) relatando como o problema aconteceu, por que foi causado, como foi resolvido e o que foi feito para que não aconteça novamente - Modelo do documento que uso pra você copiar.

Como implementar de forma escalável:

  • Use PagerDuty, Jira ou DataDog para gestão de incidentes

  • Automatize a medição do tempo de resolução

  • Implemente post-mortems para incidentes graves


4. Percentual de tickets técnicos

O que é: Quanto dos seus chamados de suporte são causados por problemas técnicos vs. dúvidas de uso.

Por que importa: Se mais de 30% dos chamados são técnicos, você tem um problema sério de qualidade que está drenando recursos de suporte e desenvolvimento.

Como implementar hoje:

  • Adicione uma tag "técnico" no seu sistema de suporte, ou para problemas relatados internamente. Caso ainda não tenha um sistema de tickets, minha recomendação é utilizar algo tão simples como um Google forms, para que o time de operação, CS, vendas, etc, possam relatar problemas na plataforma de forma unificada e estruturada (isso também ajuda a diminuir muito as interrupções do time técnico - mas isso é assunto para outro post)

  • No fim do mês, divida tickets técnicos pelo total

  • Acompanhe a evolução mês a mês

Como implementar de forma escalável:

  • Implemente categorização detalhada de tickets em ferramentas de suporte e internas

  • Trace correlação entre deploys e aumento de tickets


5. Disponibilidade do sistema (uptime)

O que é: Percentual do tempo em que seu sistema está funcionando normalmente.

Por que importa: Cada 0.1% de downtime são quase 9 horas por ano.

Como implementar hoje:

  1. Configure monitoramento gratuito com UptimeRobot

  2. Mantenha um log manual de quedas reportadas (é possível receber notificações por SMS)

  3. Calcule: (Tempo total - Tempo de queda) / Tempo total

Como implementar de forma escalável:

  • Use StatusPage.io ou DataDog para comunicação de status

  • Configure alertas em cascata por severidade


Template para começar hoje

Para facilitar sua vida, criei uma planilha template com todas essas métricas.




Ela inclui:

  • Fórmulas prontas para cálculo

  • Dashboards automáticos

  • Limites recomendados para cada métrica

  • Espaço para anotações e análises



Próximos passos

  1. Comece simples: implemente a versão básica das 3 métricas que mais fazem sentido para seu negócio

  2. Estabeleça uma rotina semanal de 30 minutos para coletar e analisar os dados

  3. Compartilhe os números com seu time e estabeleça metas claras

  4. Conforme seu negócio cresce, migre gradualmente para as versões escaláveis


Lembre-se: o objetivo não é ter todas as métricas possíveis, mas sim as que realmente impactam seu negócio. Comece pequeno, mas comece hoje.

Precisa de ajuda para implementar essas métricas na sua startup? Agende uma conversa comigo.


 

Este artigo faz parte da série "Tech para CEOs", onde traduzo conceitos técnicos complexos em linguagem de negócios. Me siga no Linkedin para mais conteúdo sobre como tomar melhor decisões tecnológicas no processo de escala da sua startup

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